O poeta não diz:- Eu sei escrever poesia
O poeta não sabe que sabe escrever poesias, nem sabe que o escreve é poesia.
Sabe isso quem lê o que ele escreve.
O poeta não diz: Eu sou poeta
Ele não sabe que é poeta.
É quem o lê que o faz poeta.
O poeta escreve porque sente E vai falando do que sente
O poeta não fala do que sabe
É muito mais aquilo de que fala. ...
O poeta não diz :- Eu sei escrever poesia.
O poeta só sabe que para sobreviver tem de escrever o que vai pensando e sentindo...
Desenganem-se os que acham que sabem escrever poesia. Não passam de aprendizes de feiticeiro.
ACCB
Passa-te o tempo
E passa-te a Vida
Passa o espanto pelo que ainda é novo
Depois passa o olhar
E passa tanta coisa
................
E abrem-se rugas na memória
que no entanto continua jovem
Passa-te o tempo ressequido
A VIda
............
O Olhar pela pela memória do Tempo
E ficam as rugas que a tristeza
e a revolta te deixam nas mãos abertas
ACCB
( Foto de José Luís Outono)
Como deve ler-se poesia?
Veste o casaco
Senta-te e fecha os olhos
Depois,...depois pega no livro.
Puxa as mangas do casaco. Para cima.
E abre o livro.
Não abras os olhos.
Abre o casaco.
Qual a abertura certa de um casaco.
Fecha o livro
Abre os olhos
Escreve...
Poesia
ACCB
Os poetas têm no gesto
aquele traço lento da escrita
Como se dançassem nas letras
Ou pendurassem os pensamentos no olhar das palavras
Não sabem o que vão escrever
Mas escrevem
As mãos pegam nas palavras e escrevem
Os olhos ficam em espera
Como se o pensamento nem ditasse a forma
Os poetas têm aquele gesto lento
De quem guarda um segredo que não sabe
O gesto lento de quem espera
Mesmo que a espera seja já ali
ou só na eternidade.
ACCB
Esgota-se o tempo de cada vez que te espero na esquina mais escura de mim
Esgota-se o tempo esgota-se-me a vontade
esgota-se-me essa verdade que não sai da minha boca
E é apenas uma saudade doída gemida e louca
que se atreve a esperar ainda por ti
mesmo quando todos os silêncios já se foram
e todas as lágrimas já secaram!...
- São Reis
Esgota-se o tempo a imaginar se as tuas lágrimas secaram
Se os tempos já se foram dos teus dedos
Dos gestos que não fizeste
Das palavras que não disseste
Cola-se-me a mão ao queixo
Pendurados no olhar que se prende no que foi
Ou não foi porque não tinha de ser
Esgota-se o tempo na esquina da minha mão com o meu pensamento
Na elipse que o teu olhar
Faz sobre o tempo
Mesmo quando todos os silêncios parecem ter ido
E as lágrimas nunca existiram
ACCB
- Que achas? - perguntou-me.
- O que eu acho? Acho lindo.... tão bonito que não sei dizê-lo. Acho que há seres que nos arrancam de nós e isso é raro.
Acho que poucas têm a hipótese de viver esses flashes, esses momentos em que os duendes descem... e as fadas ditam as letras...
Acho que tenho lágrimas nos olhos.
ACCB
«De que país regressas?
De que mar ou regaço
onde o desejo respira devagar?
Fala, diz ainda a palavra
que faça do silêncio a casa
ou erga a coroa do lume
à altura do olhar.»
Eugénio de Andrade
Mote dado pela Ni
Inventar a tinta que escorre da tua voz quando me falas baixinho
ou a cor da tua mão na minha
..........
Perguntei ao vento a cor da saudade
disse-me que era a mesma que a tua voz tem
Procurei no tempo a tonalidade
disse-me que estava guardada numa caixa antiga com pincéis velhos
que teria de a encontrar
talvez na próxima Lua cheia
numa noite em que o Luar iluminasse a maré baixa
e que era a mesma da tua mão na minha
Se eu fosse pintor
preparava essas tintas em godés paralelos às manhãs, às noites, aos crepúsculos, às linhas do horizonte ao fundo da memória....
Se eu fosse pintor inventava uma paleta de cores cristalinas e transparentes em mudanças de tonalidades e rios de sons quentes e púrpura,...
..... não precisava de esperar a Lua cheia na maré baixa, nem a magia da imaginação.
ACCB
Não sei porque havia de haver um piano ou um banco suspensos sobre o mar
e eu sentada à deriva...
não sei porque a maré estava chã...não há maré que seja chã...
os pescadores de sonhos sabem isso.
Apetecia-me que chovessem notas , ou pautas, ou jazz ao piano
..........
só para a maré deixar de ser chã
ou eu deixar de estar à deriva
ou o piano deixar de estar suspenso
ou quem sabe
para um pianista vindo não sei de que maré alta
se sentar no banco e tocar a sonata de Verão mais inútil que houvesse.
ACCB
-
---
Tempo de passar os dedos pelo Tempo.
É tempo de passar os olhos só por mim.
Tempo…Tempo de rever o pensamento.
Tempo de me esquecer ou lembrar de ti.
Das águas claras, ou azuis, em que invento
O mar imenso, o Sol ou o infinito…enfim…
Do querer eternizar cada momento
De elipse…Sol ao pôr-se…ou outro aroma assim…
Tempo de apagar ou me perder nos medos.
Deste meu querer e não querer…Do sinto.
Guardar o som de um beijo agarrado aos dedos.
No olhar com que te prendo e não te minto.
É Tempo…de nos perdermos em segredos
Ou deixar o Tempo preso ao Infinito.
Adelina Barradas de Oliveira
Do livro “ Na Floresta não há só borboletas”
Foto - Dulce João - S. Pedro de Moel
Ainda era dia e o caminho passava pelo mar.
Na ultima curva havia uma ponte sobre um lençol de água
Dispus-me a atravessá-la porque a outra margem era logo ali
E prometia riscos vermelhos no horizonte
Sentei-me nos ultimos raios de Sol e deixei passar as horas
Ao lado por onde a noite caminhava já ao encontro do dia
Havia uma porta , não a tinha visto
parecera-me um placar onde o velho lobo do mar
pendurava os avisos aos banhistas no Verão
Abriu-se e tinha os riscos vermelhos do Sol
ao pôr-se na alma das gentes
Os olhos tinham o verde do dia que adormecia lá atrás
e uma elipse num sorriso branco
Perguntou-me as horas e reparei que não sabia do Tempo
Disse-me que viera de longe e trouxera a chave
Mas penso que foi o sorriso
o sorriso foi quem abriu a porta
ACCB
( foto - Bafureira - Fernando Santos)
ACCB
Não me digas :- Escreve-me
Assim de repente... como num sonho ou num sobressalto...
entre uma extra sístole e outra....
Não me apetece....
Não quero.
gastei as palavras
Afinal as palavras gastam-se
Ou será que as perdi?
Talvez as tenha perdido, assim de repente,...como num sonho
Num sobressalto
Ou naquele espaço que fica entre a morte e a Vida
Entre uma extra sístole e outra
Estou inabalávelmente decidida a não escrever
NADA.
Não rogues uma única sílaba.
O Sol já se esconde entre traços brancos da tarde
Não fui ver o mar
e não gosto de não ir ver o mar
Estou cansada....
Acho que perdi as palavras
num espaço qualquer que abriste
Nem sei onde,...porque também o perdi.
ACCB
As palavras que te envio são interditas.
Estão em código.
Um código só decifrável por quem ama
Não têm acordo ortográfico
Apanha-as antes que o acordo lhes roube sílabas,...sussurros...
Esconde-as do Mundo
Dos olhos mesquinhos que te levam com os dias
Que te escondem nas noites silenciosas e frias
Na amargura do teu sentir
As palavras que te envio são interditas
Talvez nem tu as entendas
Perdeste o código
nas tardes vazias
No alvorocer de manhãs sem tempo
em que, de tempos a tempos consultavas as regras
....
Em cada 20 palavras havia um beijo
em cada duas vírgulas, um amo-te
Depois, nos pontos finais passava-te os dedos pelos cabelos
Lembro-me,...(lembras?!), que nas reticências te beijava..
As palavras que te envio são interditas
Fecharam-nas no relógio do tempo
Dizem que cairam ao mar, para lá do Pôr-do-sol...
Procuraste algum dia na maré?
Pode ser que numa tarde vazia
os teus olhos as encontrem encharcadas de saudade à beira mar..................
ou:- Os teus olhos encharcados de saudade as encontrem.
ACCB
Dia 30-1 - Dia da Saudade
Poema em branco
Não tinha mais para escrever que nada
A página cheia de espaços olhava-me silenciosa
Penso que nem silêncio tinha
Seria porque o Inverno caíra no meu tinteiro?
ACCB
"Hoje tens o gosto da chuva,
dos ventos e
da tempestade"
Não dizes nada.
Chegas com os cabelos despentados pela chuva
porque esqueceste no carro o chapéu que te ofereci
Também deixaste a gabardina esquecida
Vens à intempérie
de saudade aberta nos olhos
Trazes a zanga da ausência
Mimos de nada que te não disse
Não me falas e olhas-me com a censura pendurada nas mãos
tens nos lábios cansaços e lágrimas que não choras
Não sei onde te perdeste
se na chuva ou na maré alta que bate na muralha
pareces um fantasma de tempos em que o Inverno
se pendurava nas pontas dos raios de sol
Não há nada alegre em ti
A mágoa tomou conta do teu sorriso
Sei que há palavras por dizer
talvez memórias para contar
Quem sabe lágrimas para partilhar
mas silencias a alma e guardas no bolso o ontem e o amanhã
sais e levas o hoje contigo.
Ainda me olhas quando desces a rua e eu penso:
- Dizes-me ou calas?
ACCB
( Norberto Nunes pinta Pessoa -"Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou"
Acordo de noite subitamente.
E o meu relógio ocupa a noite toda.
(...)
O meu quarto é uma coisa escura com paredes vagamente brancas.
Lá fora há um sossego como se nada existisse.
Só o relógio prossegue o seu ruído.
E esta pequena coisa de engrenagens que está em cima da minha mesa
Abafa toda a existência da terra e do céu...
Quase que me perco a pensar o que isto significa,
Mas estaco, e sinto-me sorrir na noite com os cantos da boca,
Porque a única coisa que o meu relógio simboliza ou significa
É a curiosa sensação de encher a noite enorme
Com a sua pequenez...
Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.
É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões.
" E a menina ri. Senta-se de novo debaixo de uma laranjeira.
Tem ainda uma grinalda de flores brancas nos cabelos negros.
E o livro está fechado sobre o avental de flores.
Matilde Rosa Araújo
....
-
Olhos gastos, das notas de rodapé, das insónias, das noites perdidas, das viagens sem descanso, das esperas caladas, do fio do horizonte, dos prados que secam, das lonjuras, das perplexidades, das flores que morrem, dos amores que se perdem, das vidas adiadas...
Coutinho Ribeiro
_____________
Tenho os olhos gastos meu amor
Gastos das noites acordadas pelas memórias
que me ficaram de ti e de nós...
A luz cansada do meu quarto...
gasta-me os olhos
na procura do teu rosto
Talvez dos contornos do teu corpo
Tenho os olhos gastos meu amor....
De tentar descobrir a razão da tua ausência
A causa do meu afastamento.
Tão gastos meu amor
que nem a chuva que bate lá fora nos vidros cansados de esperar
Lava a dor que a tua falta lhes deixou
Tão gastos meu amor
Que me perco na solidão dos adiamentos
na perplexidade de não te poder olhar.
Lininhacbo
_____________
Gastei os olhos pelo nada, que afinal era o que havia, tudo o mais foi inventado. Por mim. Até o rosto e os contornos do corpo, até o cinzel com que te desbravei as arestas. Sim, meu amor, aventura de guerreiro que vinha da solidão, perdido nessa sua solidão, em delírios azuis. Ausência? Não, nunca a tua ausência me gastou os olhos. Não é ausente o que não houve. gastei os olhos no nada.
Coutinho Ribeiro
________________
Tenho os olhos gastos, meu amor....
Cansaram-se de tanto caminhar nas linhas das cartas que escreveste. Sabes, guardo-as todas.
Até ao mais pequeno bilhete, daqueles que deixavas na mesa da cozinha ao lado da caneca do café para eu ler quando acordava e tu já não estavas.
Tenho saudades das tuas cartas, meu amor.
De sentir a poesia da tua escrita e de imaginar os teus dedos a
navegar as folhas de papel com a mesma ternura que afagavas os meus cabelos e a linha do meu pescoço.
Perdemos a poesia, amor.
Deixámos-nos envolver no turbilhão e perdemo-nos.
Perdi-me.
E perdi-te.
Gastei os olhos também aí e as palavras.
Essas guardo-as agora no fundo dos meus olhos cansados na espera permanente de te ter de volta.
Eva Garcia
_______________________
"Tenho os olhos gastos… de procurar por ti…
De procurar pelos meus sonhos
Aqueles meus sonhos de menina…
Encontrei-os por fim, naquele cruzamento de vida onde te conheci…
Jaziam lá… inertes, sem vida, e eu sem saber…
Ainda não tive coragem de os enterrar…
estão ali, varridos num canto de mim, à espera que faça o seu luto.
Faltam-me as forças…
Nos olhos, nas mãos, no peito…
Faltam-me as forças para te dizer…
Que tenho os olhos gastos, meu anjo;
Gastos de te esperar no meu futuro.
( Amiga identificada :-) )
__________________
Sonhei teus olhos d'empréstimo
que meus são gastos. Traziam
o tom dos prados
em cristal de mar
(saltitam como aves de voar)...
e sem o traço de medo:
só o segredo
de onde pára o arco-iris.
Pela manhã restam os meus
(cansados e ateus)
que já só respiram
cinzento
na ajuda da noite.
(AM)
_________________________
"...a distância do nosso amor fica na distância do nosso olhar, na distância do nosso toque, na distância das gotas de suor dos nosso corpos quando fazem amor... a distância do nosso amor fica na distância do teu respirar junto ao meu peito ou no beijo que deposito nos teus lábios... a distância do nosso amor fica na ânsia de nos voltarmos a encontrar e sentirmos que amar não é só ser e estar mas também o desespero do ter de ir e não poder ficar... a distância do nosso amor fica na distância dos dedos quando se entrelaçam e os corpos se abraçam e ao som de uma doce melodia, os corpos juntos num só, levemente sobre si mesmo rodopia... a distância do nosso amor fica na distância das pequenas distâncias dos pequenos nadas a que damos tanta importância... a distância do nosso amor fica apenas a um simples passo da nossa própria distância..."
Lobices
_____________
Tenho os olhos gastos pela tua ausência. Gastos de serem abertos no escuro. De esperarem despertos pela tua descida à terra. De percorrerem a memória do teu rosto sem uma imagem fixa que os console. Tenho os olhos gastos, como vastos os teus afluentes me irrigam. Tenho só os olhos teus, e me bastam.
Porfírio
__________
No Fio do horizonte, entre lapides, encontramos o silencio.
Para lá dos muros, vislumbramos a vida.
Para lá dos muros não havia paragem.
As viagens fizeram se sem descanso.
Procurava mos, na insónia, os corpos das noites perdidas....
Os corpos que secaram, como prados, na nossa memória.
As palavras procuravam realizar as vidas adiadas,
As Palavras desenhavam, em paginas brancas, os amores que se perdem.
No fio do horizonte,
para lá dos muros,
em viagens pelos corpos que secam,
adiavamos a vida
em palavras que se perdem.
E aqui sob a terra, o corpo descansa,
em espera calada, nos dias que se sucedem,
por uma mão.
A tua mão.
A mão que deixou saudosas flores.
Flores que morrem, há muito, sobre nós
Afinal somos apenas uma nota de rodapé,
de uma vida adiada, no amor que se perdeu,
na lonjura do horizonte, para lá dos muros.
E para sempre,
no fio do horizonte,
descanso
meus olhos gastos
Pedro Cabeça
___________________
As palavras...secam-se
E os mares inundam o meu sentir
Neste balbuciar diálogo maresia e alma.
Descanso apenas na poeira do olhar...
E bebo um pouco das minhas lágrimas
Nesta sede de não ouvir-te...
Hoje...talvez tenha vivido para lá do eu
Amanhã...quem sabe o sol, tardará em acordar
E a cabeça será um nó de dúvidas soltas...imensas!
Escrevo-te...em tinta invisível...
Como a transparência deste amar estúpido
Mas fiel de abraços ...
Logo...mais logo...direi apenas
Conhecer-te...no restante do amor
Que deixaste...naquela gota de chuva...
Ainda enleio...ou carícia da tempestade
Nuvem opaca e vento traição
Ah! e esboças sorrir deste apelar...
Entende...mesmo que não entendas
Que amar é o outro lado da montanha
Chamada "felicidade"...familiar do rio esperança!
by OUTONO - in MOMENTOS - 2008
__________________________________________
Com um grande obrigada e um grande abraço a todos os que aceitaram o desafio
e gostam de escrever, por escrever
e de sentir, porque sim .
ACCB
-
Mote:- Mas forte e mais serena e livre e descuidada"
Houve um tempo em que eu tecia as palavras nos teus lábios.
Era o tempo das cerejeiras crescentes em Lua cheia.
Houve um tempo em que cada toque teu
deslumbrava o luar no brilho dos meus olhos
e o meu sorriso tinha o som dos dias com sol até anoitecer.
Houve um tempo em que existiamos nós e
eu não queria outro Mundo nem outro estar.
Mas os tempos dão lugar aos tempos e
as pessoas não são o que fazemos delas,
mas o que são realmente.
Houve um tempo, em que de menina se fez mulher e cresceu,
soltou a candura pelas ruas e
aprendeu que ser mulher tem nuances sempre nunca vistas.
Houve um tempo em que todo o tempo era meu,
e com ele construí castelos que ainda estão de pé,...
houve um tempo em que fizeste de mim a mulher que sou,
"mais forte e mais serena e livre e descuidada"
Obrigada.
ACCB
---------------------
Fora eu metáfora e seria
a noite de fogo
que a tua voz procura no meu olhar.
Fora eu metáfora e
Deitava-me contigo
Como a maré se deita com o mar.
Desafio de Angela Pieruccini e de Júlia Moura Lopes
"Nunca ouviste passar o vento
O vento só fala do vento
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti".
O nevoeiro escorre pelos candeeiros
Juras-me que está vento.
Repara nas sombras…
Movem-se?
Não me fales do vento
Tu nunca ouviste passar o vento
Teria despenteado os cabelos da noite
Não sentiste o vento? - Sussuras-me …
Não ouviste passar o vento. Acorda.
Nunca, quando está nevoeiro está vento.
Já tinhas reparado?
Para que queres vento
enquanto os meus passos
ecoam na calçada fria?
Estende a mão e sente o muro frio do nevoeiro.
Vês?
Também não existe.
Apenas te deu a mentira do vento
Como se te trouxesse a ilusão
De que os meus passos caminham para ti.
Tu não ouviste passar o vento.
O vento fala do vento
E o nevoeiro
Do que te fala é de mim.
ACCB
"Nunca ouviste passar o vento
O vento só fala do vento
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti".
Alberto Caeiro
__________________________
Nunca ouviste passar o vento
Que ilusão mais triste a tua.
Não há vento senão dentro do que és e guardas em ti.
O vento levanta-se mas na tua imagem
Naquela que realizas ao pensar que há vento.
Mentira
Mentiu-te
Nunca ouviste passar o vento
O vento não passa
Repara no nevoeiro lá fora
Fica lúcido como se nunca tivesses pensado
Estende a mão e toca-lhe
Não existe
É um muro de uma imagem
que te retribuiu a ideia de que
tinha passado o vento
O vento fala
do que a tua mentira de conta
E não passou
Porque nunca o ouviste passar
ACCB
Das cartas que me escreves
Faço barcos de papel...
De cada letra tua a bússula para chegar ( aí )
De cada palavra o rumo
do mar navegado em que me afundo..
Faço barcos de papel das cartas que me escreves
Espero que a maré me leve
até à praia onde adormeces todas as manhãs
tens um saber dormir ao sol
durante o dia
Acordas o sonho
à noite e dizes:- Já é dia!
Das cartas que me escreves faço barcos de papel,
certa de que as viagens soltas
que navegarão na praia do tempo
que não vai nem volta,...
Te levarão
saudades dos barcos que navegam em cartas escritas
em barcos de papel.
ACCB ( 9 Maio de 2009 )
aqui :- Era Londres e não parecia.........
Sir William Orpen, “Café royal, Londres”, (1912)
Deitas a mão nos meus dedos...........
é a perda que o teu coração abre na memória
como um poço sem fundo
ou uma cisterna com eco........
Do outro lado ao fundo
Está o meu olhar à tua espera...
Espelha o que diz o teu...
Oiço-te o silêncio
Sei que pensas o que os teus lábios calam
Não fales...
Os meus dedos são cegos e lêem a tua voz......
ACCB
-_____________
Se te escorre a tinta por entre as palavras
não é porque não oiça o que me vais dizendo
O teu rosto cola-se ao meu
Mas não é para me beijares que o fazes
É um desabafo em rio que te escorre pelas veias
Há uma torrente de palavras
que te nasce da alma
Estava lá escondida como o sol atrás do verde
ao cair da tarde
Inundas-me o pensamento das tuas ideias...
como o mar lá em baixo empurra a maré para a praia
E serenas depois como por magia
Porque disseste tudo
O que podias
e querias
Calas a voz
Como se ela se pusesse com o sol
que cai no horizonte atrás de ti
antes que chovam estrelas.....
ACCB
__________________
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes..
e calma
ACCB
Afinal eu vivia dentro de um espelho
E ele olhava de fora
Como que a espreitar,... de mão no bolso
os bolsos que eu não tinha
Afinal eu vivia dentro de um espelho
Provocava um reflexo qualquer
Num Mundo que desconheço
A tragédia era o vidro....
Afinal eu não sabia
E o Meu mundo era do outro lado
Do lado de lá do reflexo..
E ele espreitava o tempo todo
Olhava o tempo inteiro
E deixava-se ficar,...
Como se os bolsos fossem um privilégio..
Descansava as mãos e a vontade dentro deles
E deixava morrer os olhos para além do vidro....
A tragédia que o separava do meu Mundo
com cor, com vida, com música................
Do outro lado do espelho.
...............................................................................
ACCB
E salto de imprudência em imprudência pelas pedras do caminho.
Já a tinta não escorre a poesia dos olhos.
Não há ventos que sopram do norte de Àfrica
E eu fico estática no tempo......
As palavras já não têm o sobressalto do susto do imprevisto...
Eram os meus olhos que se reflectiam nos teus mas mudos não contavam
o que não sabiam que querias ouvir
Verdes, castanhos,...profundos como tempestades de fim de Maio
que se desenham à beira do Verão
E qualquer coisa acontece no mais alto dos céus
e fica pendurada ao canto de um sorriso
Será o Verão...à beira da maré?
Uma cruz de sonho pela cortina do tempo?....
E dela é toda esta imensa agitação..
ACCB
Das cartas que escreves faço barcos de papel
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Mário Quintana
______________________________________________________
Das cartas que me escreves
Faço barcos de papel...
De cada letra tua a bússula para chegar ( aí )
De cada palavra o rumo
do mar navegado em que me afundo..
Faço barcos de papel das cartas que me escreves
Espero que a maré me leve
até à praia onde adormeces todas as manhãs
tens um saber dormir ao sol
durante o dia
Acordas o sonho
à noite e dizes:- Já é dia!
Das cartas que me escreves faço barcos de papel,
certa de que as viagens soltas
que navegarão na praia do tempo
que não vai nem volta,...
Te levarão
saudades dos barcos que navegam em cartas escritas
em barcos de papel.
ACCB
Técnica - Óleo sobre tela Dimensões - 65 x 50 cm RUI RODRIGUES
Que perfil é aquele lá longe
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
MOVIMENTO DE INTERVENÇÃO E CIDADANIA
Diga não à erotização infantil
Há sempre um livro à nossa espera
Musicas aviação e outras tretas
Olhar Direito ( Ando Por Aqui)
Porto Croft ( Muito prazer por andar por aqui)
PSICOLOGIA CENTRAL de psicologia
Ré em Causa Própria ( Também ando por aqui )
Porosidade etérea ( sobre Poesia)
_______________________
Presidente da Comissão Europeia
Media, Strategy and Intelligence