
Tem um vento quente lá fora
Canta baixinho que vai chover e vem aí um tempo tal que é melhor ficar em casa
Apetecia-me um livro em vez de um acórdão... Apetecia-me gente viva em vez de gente estática a viver à espera
E é pela espera da gente que não opto pelo livro...
Fica-me a angustia enovelada no peito,... já podia ter fugido, levantado âncora ou voado... mas fico, sempre agarrada a esta espera de deixar o que sempre fiz...Tem doença nisto, só pode.
O vento quente lá fora bem podia ser nos trópicos, não era tão estranho o seu rodopiar, tal qual este ficar ... não por não saber fazer mais nada,... talvez por saber que não fiz nada....
Neste 40 anos de espera da gente, que fiz eu? O que mudei? O que criei...
Não farei balanços,... quando for irei.. porque há mais além e há mais missões... e quem abraça estas coisas de alma... nunca acaba o que começa... porque o que começa tem sempre mais um degrau, uma queda e um subir ...um descer para voltar a subir... a fazer... a acabar com esperas porque há novas esperas à espera.
Tem um vento quente lá fora, já ameaça os vidros que anoiteceram e diz que as plantas deviam ser mais baixas na minha varanda.
Não sei o que traz por aí a noite, mas espera-me um acórdão com gente à espera.