( Foto de ACCB)
Porto, 6 de Novembro 1919
Lisboa, 11 Novembro 1958
Cruzaram-se os nossos nomes nos astros e nas letras Muitos anos depois de tudo ter acontecido confundiram-nos o traço.
Almas de mulheres são sempre confundidas e todas trazem o mar nos olhos, como também traz, a minha filha que nasceu no dia do aniversário da tua morte.
39 anos nos podiam separar, mas não, 39 anos unem as mulheres, porque todo o tempo é tempo de mulheres, e são os poetas que fazem a história, acreditam nas mudanças, forçam as interrogações e arranjam numa nesga de tempo o tempo para ver o Mar.
É sempre o Mar Sophia, o teu o meu, o delas,...o nosso Mar.
O Mar une a fixidez das terras, o verde das paisagens, o deserto dos caminhos, o Mar vive nos olhos dos que sonham, dos que resistem, dos que têm fome e sede de infinito, dos que percebem apenas da simplicidade das coisas.
As almas nascem em tempos diferentes mas todas vão desaguar ao Mar ... .
É o Mar dos Meus olhos, dos teus, dos delas... dos nossos olhos, O mar das mulheres que não desistem ainda que o infinito esteja límpido e vazio, ainda que ninguém o saiba ler, ainda que o soldadinho não volte, ainda que se levante temporal, .... há sempre alguém que resiste e não desiste de ser Mar, e há mulheres que trazem o Mar nos Olhos....
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes...
e calma.