Heath Ledger foi até agora, do meu ponto de vista, o melhor Joker,... muito melhor que Jack Nicholson. E só falo destes dois porque os outros não marcam como personagem, como ser, como Joker.
É,... já perceberam que fui ver o filme. Fui, fui ontem mas... precisei dormir sobre o assunto.
A história tem tantos fios para puxar que quando terminou pensei apenas: Pesado. É um filme muito pesado.
E é. É um filme brutalmente pesado. Tão violento como uma invasão da nossa casa, do nosso círculo, ... quase se torna uma desarrumar da nossa maneira distante de estar, torna-se um descaramento brutal,... como ousam fazer um filme assim?!
Acreditam que já sabia que ía ver algo que me chocaria, que me escandalizaria, que me faria sobressaltar? ... Lembram-se da sensação de caminhar para o comboio fantasma quando éramos pequenos, na feira popular? Lembram-se do medo? Do sentir que era melhor ir no meio da mãe e do pai.. mas só podíamos ir com um deles,... e depois íamos com o pai porque a mãe não apreciava o horror?
Pois é... entrar na sala de cinema quando se sabe que se vai ser desassossegada é a sensação que ontem me acompanhou até ao início do filme.
Um filme cheio de interrogações ...
A maldade dos miúdos para com os mais fracos
A exploração de quem precisa de trabalhar para comer... e de quem precisa de ter o trabalho do outro...
O ser idoso e indefeso... quando já se foi jovem e louco, e perverso,... e caprichoso... e paranóico... e se depende de quem esteve nas nossas mãos.
A adopção,... a questão da preparação para adoptar...o capricho de querer adoptar.. a falta de preparação para formar alguém e mesmo assim adoptar...
A mentira fruto da loucura...
A loucura como doença... a segurança social e a falta dela porque faltam verbas.. a vontade política... O fim do apoio a quem é louco, doente, necessitado , de repente, só porque sim.
O medo que leva ao crime por defesa... o deixar de ter medo só porque se comete o crime... e a escalada de crimes e de falta de medo...
Os invisíveis, aqueles para quem se fazem eleições e campanhas eleitorais mas são apenas os votos que são precisos...
A mistura entre a doença e a revolta social... o exemplo dos que não têm medo mas são apenas loucos.......... mas movem multidões..... porque atingem os que política e socialmente poderosos não reparam nos fracos, nos esquecidos, nos objetos...
O perigo da loucura a conduzir multidões......
Acabamos numa pergunta:
Numa sociedade sem norte,... confusa e à procura de alguém que a conduza,.... são os loucos (que procuram também eles um norte, uma voz e uma visibilidade, um momento de atenção... ) que vão marcar a diferença?
Joker,....é alguém que vai de comediante falhado a homicida louco, de doente mental a homicida, de ignorado a líder,.... ou de criminoso a doente mental ou... vice versa?
Ou... a medida da culpa é sempre a medida da loucura?
Ou só cometemos crimes quando somos inimputáveis?...... ou empurramos doentes mentais para o cometimento de crimes?
Que lhe faltou? Uma família, tratamento, atenção,.... um Estado preocupado com as minorias....ter voz?!
Quem são as pessoas que os tribunais condenam nos crimes violentos? Loucos ou criminosos? Ou ambas as coisas... ... ...
..............................
Arthur Fleck / Joker é um personagem fantástico de quem Joaquin Phoenix, fez o melhor Joker dando-lhe vida, história e personalidade.
Joaquin Phoenix atira-o para cima de nós, violenta-nos o sossego social e o pessoal.... e pergunta-nos:
Joker,... é mesmo e só uma carta fora do baralho?
ACCB
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