( começar como se fosse uma redação)
As Fotografias
As Fotografias antigas guardam as pessoas como elas eram no tempo em que o tempo não passava por elas.
Às vezes olhamos para dentro das fotografias e percebemos que fomos bonitas, tínhamos um ar sereno e por viver, alegre de tudo por saber e (sem dificuldade), éramos muito magrinhas.
Depois, com o tempo acumulámos gorduras e traços como quem acumula fotografias mas essas, ficaram lá atrás num momento, planas, estáticas no papel mas falantes, gritando que já fomos assim, no pretérito perfeito.
Era preciso chegar ao presente para nós vermos quando éramos, quando fomos, e tudo estava por saber e viver, acontecer.
Começámos com uma sobrancelha levantada, um toque de sorriso sempre puxando os lábios para cima, um olhar ausente ou perspicaz, observador ou apenas vivo mas, sempre vazio de sobressaltos.
As Fotografias são caixas de memórias que nos perguntam o que foi que passou por nós, o que foi que nos fez ceder à gravidade do planeta e dos seres, o que foi que nos desenhou outro rosto, outros cantos da boca e outra arcada supraciliar....
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Até há por aí quem devolva as arcadas supraciliares, quem puxe os cantos da boca como quem puxa o pano da boca de cena, até há quem leia as fotos e apague alguns traços... mas, apagar o que os desenhou não há.
As Fotografias são umas delatoras como o espelho mágico da madrasta da Branca de Neve, alçapões destinados à cena para que tudo vá correndo bem na ribalta.
Senhor contra-regra batam-se as 7 pancadas de Moliére.
Sentemo-nos na arquibancada.