Amanhã é segunda feira e hoje, hoje apetecia-me fechar-me dentro de palavras que construíssem frases que soubessem definir esta necessidade de uma bolha... , como se eu fosse uma adolescente e só quisesse mesmo era estar no meu mundo de conforto e alheamento daquilo que me puxa para dentro dos relógios e dos calendários.
Fui até ao mar, é assim que digo quando caminho à beira mar, pelo paredão ou na praia ou fico simplesmente a vê-lo aconchegada numa cadeira com uma bebida simpática e colorida a derreter o gelo da primavera que só chegou este fim de semana, e o sol a aquecer-me até à alma.
Fui até ao mar carregar baterias, ouvir vozes que falam todas ao mesmo tempo e não dizem nada, produzem aquele som que só existe à beira mar e nem se parece com os gritos das gaivotas, são vozes,... sobrepostas, aflitas para existir, falam de tudo e não falam de nada... existem e coexistem... .
Amanhã é segunda feira e voltam as horas, os minutos, os segundos e as marcações, a agenda, que agora já tenho de ter, a gritar as marcações, impertinente e exigente, impeditiva, esgotante,.. CHATA!
Uma maratona de obrigações para cumprir a tempo e horas e tão diferentes umas das outras.
Uma bolha, preciso de uma bolha com muito silêncio, muito oxigénio, muitas letras para fazer o que me der na gana... pode ser ao pôr do sol só com som de maré... lembranças da Primavera que veio este fim de semana, do meu cão que me acompanhou nas caminhadas, dos sorrisos dos meus netos a repetir e descobrir gestos de que gosto... a observarem o Mundo como sabem... e a aprenderem, sem o saberem, que na quietude de um som de maré existe tanto além....
... e eu sentir que ali, naquele momento também há uma bolha onde mais ninguém pode entrar.....
Será por isso que ela dizia: "Quando Eu Morrer Voltarei para Buscar Os Instantes Que Não Vivi Junto do Mar" .....
Talvez eu tenha em busca dos que vivi...........