
Ah a Tristeza!... é contagiosa mas,
primeiro é gelatinosa, sinuosa,...
espalha-se, enrola-se , quebra-te os sorrisos, dá cabo dos teus pensamentos,
tira-te todo o espaço para seres
apaga-te qualquer carisma
E às vezes, a tristeza nem é tua,
é um estado de alma qualquer, de um outro qualquer
Um estado de teatro triste
que não suporta os teus sorrisos
A tua forma de ser alegre
que te deixa sem saber como fazer
Ah a tristeza alheia...
Sempre pronta a estragar-te o dia
E depois,... depois fugir e abrir-se em sorrisos soltos.
ACCB
Ah! Ser indiferente!
É do alto do poder da sua indiferença
Que os chefes dos chefes dominam o mundo.
Ser alheio até a si mesmo!
É do alto do sentir desse alheamento
Que os mestres dos santos dominam o mundo.
Ser esquecido de que se existe!
É do alto do pensar desse esquecer
Que os deuses dos deuses dominam o mundo.
(Não ouvi o que dizias...
Ouvi só a música, e nem a essa ouvi...
Tocavas e falavas ao mesmo tempo?
Sim, creio que tocavas e falavas ao mesmo tempo...
Com quem?
Com alguém em quem tudo acabava no dormir do mundo...)
EM - POESIA - ÁLVARO DE CAMPOS - ASSÍRIO & ALVIM
Pois é... mas eu não consigo.
( começar como se fosse uma redação)
As Fotografias
As Fotografias antigas guardam as pessoas como elas eram no tempo em que o tempo não passava por elas.
Às vezes olhamos para dentro das fotografias e percebemos que fomos bonitas, tínhamos um ar sereno e por viver, alegre de tudo por saber e (sem dificuldade), éramos muito magrinhas.
Depois, com o tempo acumulámos gorduras e traços como quem acumula fotografias mas essas, ficaram lá atrás num momento, planas, estáticas no papel mas falantes, gritando que já fomos assim, no pretérito perfeito.
Era preciso chegar ao presente para nós vermos quando éramos, quando fomos, e tudo estava por saber e viver, acontecer.
Começámos com uma sobrancelha levantada, um toque de sorriso sempre puxando os lábios para cima, um olhar ausente ou perspicaz, observador ou apenas vivo mas, sempre vazio de sobressaltos.
As Fotografias são caixas de memórias que nos perguntam o que foi que passou por nós, o que foi que nos fez ceder à gravidade do planeta e dos seres, o que foi que nos desenhou outro rosto, outros cantos da boca e outra arcada supraciliar....
.....
Até há por aí quem devolva as arcadas supraciliares, quem puxe os cantos da boca como quem puxa o pano da boca de cena, até há quem leia as fotos e apague alguns traços... mas, apagar o que os desenhou não há.
As Fotografias são umas delatoras como o espelho mágico da madrasta da Branca de Neve, alçapões destinados à cena para que tudo vá correndo bem na ribalta.
Senhor contra-regra batam-se as 7 pancadas de Moliére.
Sentemo-nos na arquibancada.