Meu caro S. Valentim:
Estranharás, certamente, estar a escrever-te num dia em que tanto se fala de um certo S. Valentim, informe e misterioso, patrono (imagina só!) dos namorados.
Bem vês que não celebram o teu dia, aproveitam-se dele! - coisa da gentalha dos negócios - por uns cobres, vendem a alma e o resto se for necessário! Estão a usar a tua “boa imagem” sem pagar direitos – chamam a isso marketing, sabias?!
Escrevo-te para pedir uns favorezitos:
1 - Manda-me uma foto tua, por favor! É que, aborrece-me, solenemente, ver sempre a figura de Cupido (um gaiato pagão, despido e de figura obesa), com o teu nome por baixo. Qualquer dia acusam-te de pedofilia (está na moda!).
2 – Arranja aí, no Céu, uma despensazita para vir cá puxar as orelhas a esta malandragem.
Sabes?! Eles já não namoram, “andam”! Não amam, “curtem”! Não se olham nos olhos, com aquela cumplicidade do meu tempo; mandam um SMS, um e-mail… ou, quando muito, telefonam. Já nem te falo daqueles que se deleitam, com os olhos cravados no monitor do PC, a “teclar” no “chat” – é o amor virtual. Usam um palavreado horrendo, monstruoso e obsceno (na forma e no conteúdo), servem-se de um “nick name” em vez da expressão radiante e sonora do nome da pessoa amada. Afinal em que ficamos: namoram ou andam? É que, quando chega o teu dia, todos se dizem namorados!
Acreditas que, ainda criancinhas, de uns doze anos, já dizem que “andam”?!
Olha! Ás vezes, até chateia ver a sua postura arrogante: em vez daquela cumplicidade característica da intimidade dos namorados, que os leva a procurar um lugar mais reservado, preferem colocar-se em lugar bem vistoso a “dar espectáculo”. Explica-lhes que eles não têm necessidade de provar nada, a ninguém!
3 – Passa aqui, pela minha escola, que eu mostro-te algumas coisas importantes:
- Há mais corações de cartolina do que humanidade e bondade nos corações das pessoas;
- Há uns cartazes com “casais-exemplo”: Diana e Carlos (de Inglaterra) – tu és prova do amor deles!; Sansão e Dalila – vês como acabou a história?!... Nem te conto mais!!!
- O teu nome está em todo o lugar: Valentim, Valentin, Valentine… parece a campanha eleitoral!
Bem! Não fiques vaidoso! … se pensas que és importante, permite-me a franqueza: o “dia das bruxas” tem mais votos do que tu, tal como o Pai Natal ganha aos pontos o Menino Jesus, e o Carnaval vence à Páscoa.
- Até aqui há quem ouse ganhar uns tostões com o teu dia: postais, flores… vende-se de tudo, com a tua ajuda.
4 – Finalmente, deixa-me prevenir-te: se vieres à terra, prepara-te! Olha que ficas outra vez sem a cabeça!
De um lado está um Ocidente cada vez mais ateu, palerma e absurdo, onde toda a gente acha que pode fazer tudo: ainda não perceberam a ligação entre o exercício da liberdade e dever do respeito para com as outras culturas; do outro lado, um mundo Islâmico, cioso de uma cultura verdadeiramente assente no povo, e que o meu ocidente não entende.
Eu, por acaso, tive uma namorada egípcia, lembras-te?!
Chamava-se Shamillah Zomorik, estás recordado?!
Aprendi, com ela, a respeitar e admirar o povo islâmico, e nunca esquecerei expressões como esta: “O amor é um sentimento de Deus. Quando nos apaixonamos podemos imaginar a perfeição! É por isso que vemos melhor o lado bom das coisas e valorizamos tanto a pessoa que amamos!”
Sabes?! Aqui, são poucos que, sendo católicos como eu, aceitam a abnegação e a vivência cultural dos islâmicos: acham-se superiores, “mais bem formados”… E… Vê lá! … Nem estabelecem a diferença entre casal e par!
Cuida-te, S. Valentim! Um dia destes ainda és substituído por um símbolo pagão qualquer!...
P.S. Estão por aí tantas quadras, que me apetece deixar-te esta:
Fingindo um amor escondido,
Brincam aos namorados na escola.
Saca a flecha ao Cupido,
E dá-lhes com ela na tola.
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