Sexta-feira, 21 de Outubro de 2016

"May be ...... the price I have to pay."

Acabaste o dia
Escolhes o caminho mais fácil, o do mar.
Devagar que a velocidade tem limite e no teu caso o limite há-de ser perto dos 40.
O radio acompanha a velocidade e o estado de alma.
Olhas o mar, é sempre bem vindo e ali há sempre um infinito de sorrisos na maré.
Está cheia, tão cheia que não se move.
O som fica mais alto, tem lembranças envolvidas e sorris.
Cada pedaço é uma aguarela e aproveitas para guardar os flashes que se oferecem (também eles sorridentes), à passagem.
Logo ali, depois da baía onde a faina descansa no colorido dos barcos que se fazem ao mar, tens uma curva que se dilui como se Lisboa entrasse pelo rio e o nevoeiro se enovelasse nas copas das árvores.
O farol observa os farrapos brancos e líquidos a subirem a encosta , vindos do rio a pulso, ....espalham-se como cabelos longos ao vento.
O radio do carro repete uma canção antiga como se falasse de um castigo de alguém enquanto a voz vai dizendo..."May be ...... the price I have to pay."
Sorris. Há sempre um preço a pagar.
Há que desfazer a curva, olhas e repares que de repente tudo ficou com ar de Natal, mais uma vez tudo irá ficar com aquele ar de dia chuvoso e frio mas com luzes.
O radio continua em extase com a canção antiga e o nevoeiro solto pela Marginal.... May come to me from shadows of the past.....
Mas logo em frente há sol de novo e o fim da tarde ganha de repente um rosto normal.
É Outono, nada de novo... apenas um passeio pela tarde na Marginal.

 

escrito no papiro por ACCB às 01:39
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Segunda-feira, 17 de Outubro de 2016

Não peças a quem pediu

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(Cesare Zocchi, O Soberbo, detalhe do monumento a Dante em Trento)

 

 

 

Não peças a quem pediu nem
sirvas a quem serviu
Um aviso a fazer e um cuidado a ter a todos os níveis
Cada vez me convenço mais de que é verdade
O tirano é um indivíduo que não foi livre
O tirano é um indivíduo frustrado
A sua tarefa o seu maior objectivo é dominar para não ser dominado
Retirar ao outro o seu espaço de liberdade para que não controle o seu espaço de tirania
Por quantos tiranos vamos ser orientados no Futuro?
Uns dão te ordens absolutamente contrárias às leis existentes
Outros vestem a pele do intelectual justo e líder quando o desejo é ser realmente o líder que não são
Encabeçam movimentações contra alguém que esteja a ser alvo de crítica ( é um exemplo), para serem populares e serem seguidos
O tirano é um ser que se diz recto para poder ser admirado, seguido, obedecido ...
E depois tudo se torna uma luta sem quartel porque o tirano
está atento, não descura a oportunidade de subir e alargar a sua fé, a sua teoria, o seu poder que só lhe vem dos outros enganados pelo voluntarismo que se firma no colectivo dos que tem fome e sede de sangue e a quem ele promete que serão saciados ....
E, porque não têm a calma observadora do tirano, e porque ir à frente é trabalhoso, tomam- no em ombros e nem reparam que o tirano não vai à frente, vai carregado por eles a quem há-de subjugar. Escudado nos ímpetos alheios entra em ombros e faz se não eleger mas obedecer.

Há que não servir a quem serviu
E não pedir a quem pediu

O homem justo é livre até de si mesmo

 

escrito no papiro por ACCB às 01:27
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Segunda-feira, 10 de Outubro de 2016

Noite....

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Não pareça a casa vazia,
caso não amanheça amanhã;
que tudo continue à beira
de acontecer, deixa os copos cheios,
não esqueças, como se o vinho fora
a última forma da esperança.
E deixa também o pão, partido,
na toalha,
para haver um cheiro de espigas altas
ou parecer ao menos que há coisas
que ainda se podem partilhar.
Deixa um livro aberto em qualquer sítio
como se fosses voltar muito em breve;
e que tudo pareça que ficou à tua espera.
Não note a morte ao chegar
que já não vive ninguém na casa.
Deixa aberta a janela para poder entrar
todo esse barulho estranho
e alheio da rua.
Não haja na tua morte
essa mesma intempérie
que sempre houve na tua vida.
Guarda num espelho
o teu olhar e um pouco dessa luz
que em teus olhos já não haverá
amanhã; e põe dentro dum caderno
a brasa viva do teu tacto. Deixa acesa
uma lâmpada, não vá a noite
durar demasiado.
Deixa tudo como se esta noite
não estivesse para ser a última.
Não te esqueças de deixar um livro
aberto em qualquer página.
E deixa bem aberta a janela
para a luz te conhecer amanhã,
mesmo que sejas apenas
um corpo partido, com frio e sem memória;
para que assim amanhã (caso amanheça)
entre de novo por ela – mesmo que tu não ouças –
todo esse barulho estranho
e alheio da vida.
(Trad. A.M.)
.Pedro A. González Moreno

escrito no papiro por ACCB às 11:07
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Quinta-feira, 6 de Outubro de 2016

....contemplação....

 





"Estou na montanha e vejo a enseada.
Os barcos descansam sobre a superfície do verão.
«Somos sonâmbulos. Luas vagabundas.»
Isso dizem as velas brancas."


Tomas Tranströmer

escrito no papiro por ACCB às 13:22
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Como é um alentejano?

 



Como é um alentejano?
É, assim, a modos que atravessado.
Nem é bem branco, nem preto, nem castanho, nem amarelo, nem vermelho...
E também não é bem judeu, nem bem cigano.
Como é que hei-de explicar?
É uma mistura disto tudo com uma pinga de azeite e uma côdea de pão:
-Dos amarelos, herdámos a filosofia oriental, a paciência de chinês e aquela paz interior do tipo "não há nada que me chateie";
-dos pretos, o gosto pela savana, por não fazer nada e pelos prazeres da vida;
-dos judeus, o humor cáustico e refinado e as anedotas curtas e autobiográficas;
-dos árabes, a pele curtida pelo sol do deserto e esse jeito especial de nos escarrancharmos nos camelos;
-dos ciganos, a esperteza de enganar os outros, convencendo-os de que são eles que nos estão a enganar a nós;
-dos brancos, o olhar intelectual de carneiro mal morto;
-dos vermelhos, essa grande maluqueira de sermos todos iguais.
O alentejano, como se vê, mais do que uma raça pura, é uma raça apurada.
Ou melhor, uma caldeirada feita com os melhores ingredientes de cada uma das raças.
Não é fácil fazer um alentejano.
Por isso, há tão poucos.
É certo que os judeus são o povo eleito de Deus.
Mas os alentejanos têm uma enorme vantagem sobre os judeus: nunca foram eleitos por ninguém, o que é o melhor certificado da sua qualidade.
Conhecem, por acaso, alguém que preste que já tenha sido eleito para alguma coisa?
E já imaginaram o que seria o mundo governado por um alentejano?
Era um descanso!

Santana-Maia Leonardo

escrito no papiro por ACCB às 13:17
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Que se dane a regra e o preconceito

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Se quiser viver muito, viva.
Se quiser sorrir muito e muito alto, faça-o.
Se quiser cantar alto cante ainda que desafinado ou desafinada, "pois os desafinados também têm coração."

Se lhe apetecer abraçar abrace .......e andar descalça ande...
E apetece-lhe vinho do Porto em Lisboa, beba,... embriague-se de vontade de ser livre e feliz...
Que se dane a regra, a norma, o preconceito..
Tem vontade de gritar lá do fundo da alma alto e bom som mas é de noite e todos dormem?... Apague a luz, abra a janela e grite! Pode ser que o Sol se acenda.

E se lhe apetecer não dormir não durma...
E se morrer de sono morra o tempo necessário para acordar bem disposta ou bem disposto e querer viver muito.

Aí Viva!

ACCB

escrito no papiro por ACCB às 13:08
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Terça-feira, 4 de Outubro de 2016

Era 1 Francisco

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escrito no papiro por ACCB às 01:02
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Segunda-feira, 3 de Outubro de 2016

Sílaba súbita

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Sílaba súbita?
Sim é súbita a sílaba, o gesto, o pedacinho da imagem que salta à vista e marca.
Ando com as sílabas todas desarrumadas e tenho de escrever para perceber o sitio delas.
Assim, de súbito, como se acabassem todas amanhã.

escrito no papiro por ACCB às 23:29
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É nos olhos....

 

 

É nos olhos, acho que é nos olhos ou no sorriso dos olhos. É aí que se mantém o tempo da infância e da juventude.
Tudo o mais é passagem.
Encontramos os amigos e eles estão dentro dos olhos deles connosco e com as recordações, as marcas da vida que deixámos por lá e as saudades que ficam de tudo o que vivemos juntos.
Os amigos não "envelhecem" eles vivem connosco dentro do sorriso dos olhos.

escrito no papiro por ACCB às 18:04
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Papéis velhos...

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Olha, estou assim, numa pasmaceira com o cotovelo fincado na secretária.
Tanto papel. Tenho uns muito velhos para ler.
Lembrei-me de que gosto de fotografias velhas, não é antigas, é mesmo velhas. Têm um aroma característico. Já reparaste? Não não é tom é mesmo aroma. Algumas cheiram aqueles bombons com recheio embrulhados em pratinha fina,... lembras-te? Deve ser da caixa.
E os álbuns de fotografias com a folhinha de papel vegetal a separar e os cantos transparentes que as seguram nas páginas?
Lembras-te?!
Estou assim, pasmada em cima da secretária, sentada nos pensamentos e com os olhos ao fundo, em fotografias com margens picotadinhas de branco.
E tenho ali uns papéis muito velhos para ler....

 

ACCB

escrito no papiro por ACCB às 09:57
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Papel em branco.....

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Papel em branco...
Até parece o Jorge Palma a gastar cigarros e whisky velho. Deve ser do velho...para ter sempre inspiração...
Papel em Branco e Relógio implacável às voltas. Ainda me hão-de explicar como é que ele, o relógio, consegue puxar o Sol para baixo , como se fosse uma cortina chinesa só para deixar a Lua à vista.
O papel continua em branco.... agora até ía um cigarro nem que fosse só para lhe observar as espirais de fumo,...podia ser que a imaginação se enovelasse nelas...
Whisky não que não bebo.
Esferográfica?... Não... demasiado prática e plástica. Caneta, tem de ser a caneta ... com aparo elegante... comprido, nem muito grosso nem muito fino... daqueles macios que deixam a letra com ar de antiga e bonita,... que isto de escrever no teclado estraga a caligrafia.

Hum... queixo na mão, papel em branco... cortina corrida, chuva lá fora... Ainda se ao menos caísse uma trovoada.Papel em branco.....

ACCB

escrito no papiro por ACCB às 09:52
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