Fruto do mato
CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA
Nota de Esclarecimento
Na sequência da notícia publicada ontem, dia 05 de Dezembro de 2012, no jornal "Correio da Manhã", com o título "Juízes expulsos por incapacidade" cumpre esclarecer o seguinte:
A referida notícia confunde aposentação compulsiva com aposentação por incapacidade.
A aposentação compulsiva é uma pena disciplinar, resultante de um procedimento disciplinar onde se comprove a existência de infracção disciplinar.
A aposentação por incapacidade resulta da sujeição a uma junta médica onde se comprove a incapacidade clinica para o exercício das funções profissionais.
Ao contrário do que se informa no terceiro parágrafo da referida notícia os juízes Maria Isabel Lourenço, Maria da Luz Figueiredo e Antonino Antunes não foram aposentados por força de pena disciplinar, mas sim por via de aposentação por incapacidade (clínica) para o exercício das funções de magistrado judicial.
Lisboa, 06 de Dezembro de 2012
O Juiz Secretário
Luís Miguel Vaz da Fonseca Martins
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/um-artigo-de-jornal-e-a-realidade-do-publico=f771785#ixzz2EWVRJHVR
Inverno não é 'inda mas Outono
Na sonata que bate no meu peito
Poeta distraído, cão sem dono
Até na própria cama em que me deito
Inverno não é 'inda mas Outono
Na sonata que bate no meu peito
Acordar é a forma de ter sono
No presente e no pretérito imperfeito
Mesmo eu de mim próprio me abandono
Se o rigor que me devo não respeito
Acordar é a forma de ter sono
No presente e no pretérito imperfeito
Morro de pé
Mas morro devagar
A vida é afinal o meu lugar
E só acaba quando eu quiser
Não me deixo ficar
Não pode ser
Peço meças ao Sol, ao céu, ao mar
Pois viver é também acontecer
A vida é afinal o meu lugar
E só acaba quando eu quiser
José Carlos Ary Dos Santos
Faria 75 anos
Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
As palavras Interditas
Eugénio de Andrade
Meu casto
e puro amor provinciano,
não percas tempo
acendendo velas
no teu oratório:
nenhum santo
nem eu
estamos na disposição
de fazer o milagre
do teu casamento.
Eugénio de Andrade
In: Primeiros Poemas (1977)
Os rumores vinham de costas, a rua entrava pela casa, apesar de tão alta. Desviava então a vista fatigada do papel, a palavra exacta era lenta a chegar, quando chegava. O trabalho de horas acabara por reduzir-se a três ou quatro linhas, ainda por cima Cesário insinuara-se no seu apuro.
Aproximou-se da janela, a luz era ainda amarga naquele fim de Março.
O rio lá ao fundo ia frio, apesar disso as águas chamavam-no. É a música inominável da poesia, pensou, um dia terei de responder àquele apelo.
Voltou ao papel, não podia perder o resto da manhã. O que se expõe na palavra é um corpo mortal, mas são essas interrogações que resistem à morte.
Amarfanhou a folha, atirou-a fora, exasperado.
Pegou na bengala, desceu à rua. Março ia frio, não há dúvida.
Eugénio de Andrade
(16.5.85)
Nenhuma palavra acorre hoje para me ajudar a carregar com o dia.
Contemplo longamente (ver é agora a minha única paixão)
a ave que desenhaste no meu caderno,
ferida em pleno voo – quem terá forças para impedi-la de morrer?
Outras gaivotas passam quase rente à janela, vai chover.
Troco este céu impassível pelas dunas de Fão, agora só na memória.
Também aí as gaivotas anunciavam que a luz mudara de direcção,
e algumas aproximavam-se tanto do meu rosto que eu chegava a recear que me bicassem os olhos.
Elas vêm e vão, o céu está agora mais claro, já não as vejo.
Talvez não caia mais que um dedalzinho de água, ou nem isso sequer.
Eugénio de Andrade
28.2.86
Os sentimentos atrasam, as paixões atrasam, as instituições atrasam, está tudo a mais, nesse demais sempre a pesar sobre a existência, ela própria uma ideia a mais, filósofos, sábios, médicos, padres, pouco a pouco de mansinho e brutalmente, têm-nos feito esta vida falsa porque não há profundidade nas coisas, não há além, nem mais voragem do que a que formos capazes de lá pôr já, sem ideia nem entidade, sem imanência nem instância, nada me espera para me pedir contas, mas eu tenho contas a pedir a alguns ignóbeis velhos labregos da doutrina, contas a pedir por retardarem a vida com os seus sentimentos, paixões, instituições.(...)
Antonin Artaud, os sentimentos atrasam, 1956
Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te
vou perdendo a noção desta subtileza.
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço
e o fato com que virei preocupa-me, pois chove miudinho
Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
De outras, esperei-me eu e não apareci
embora bem procurado entre os mais que passavam.
Se algum de nós vier hoje é já bastante
como comboio e como subtileza
Que dê o nome e espere. Talvez apareça.
- Mário Cesariny
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela...
Alberto Caeiro, Não basta abrir a janela
"Nos liberi sumus, Rex noster libert est, et manus nostrae nos liberaverunt!"
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/os-cavaleiros-de-almacave=f770807#ixzz2DqXtWVWN
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