Domingo, 30 de Julho de 2006

As Bodas de Qana

Cruz Vermelha refere 56 mortos em Qana.
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Entre eles 34 crianças.

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Qana a 95 Km de Beirute é provavelmente a biblica cidade onde Jesus terá transformado a água - simbolo de Vida - em vinho, a pedido de uma mulher, a sua mãe.
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Hoje Qana é uma cidade em que a Vida de crianças foi transformada em sangue.
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A magia, o simbolismo, não são evidentemente semelhantes.
No primeiro momento há uma procura de algo que se considera precioso, importante em momentos importantes, necessário em momentos de alegria.
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No segundo momento, há um encontro com algo que não deixa de ser importante porque doi, porque fere, porque causa tristeza e perda, sendo, por isso, incompatível com momentos de alegria.
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Não importa quem tem razão.
Não importa se há razões.
Não importam as razões.
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Como podemos dar entrevistas, falar de coisas destas como técnicos militares, comentadores politicos, de forma a preencher audiências?
Como podem dois chefes de Estado, avançar a par e passo numa passadeira, de forma ensaiada, ridicula, frente a inúmeras câmaras de televisão, lado a lado, rodeados de todo um aparato militar solene e sem qualquer vinco, para dizerem duas frases ôcas e incipiendas, quando crianças sucumbem às mãos desses mesmos chefes de Estado?
Como se podem continuar a fazer reuniões , o que quer que seja, quando crianças, que podiam ser os nossos filhos, morrem sem saber como nem porquê, perante o silêncio, a impotência, o aparato politico, militar,...humano?
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Como podemos continuar a ser tão hipócritas?
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Tão oportunistas?
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Tão idiotas.
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Pensar em ajuda humanitária e deixar continuar um conflito destes....
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Não sei de onde está a razão porque sei que em qualquer guerra há sempre falta de razão.
Se a razão ocupasse o espirito dos homens ......
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“Estou profudamente entristecida pela terrível perda de vidas inocentes”, afirmou Condoleezza Rice aos jornalistas em Jerusalém.
Mas cancela a viagem a Beirute!!!
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Ah! Mas as mães destas crianças não estão. Nem as familias. Nem quem os viu morrer. Nem quem tem de recolher os corpos, nem quem tem de lá andar no meio em missão de paz..
Não. Nós não estamos.
E provavelmente não estamos porque nem sentimos tudo na pele.
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Que mulher precisará de interceder desta vez em Qana, para que a Vida não se transforme mais em sangue?
Quem tem coragem?
Quem?...........
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ACCB
escrito no papiro por ACCB às 22:04
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Sábado, 22 de Julho de 2006

Escrevam uma frase sobre


Saboreei a tua boca,

os teus beijos, o teu respirar

a tua língua, lambi-a, carnuda, molhada

como quem saboreia cerejas

no fim de uma tarde à beira mar

quente e calma...

Deliciei-me no calor das tuas mãos

e perdi-me na envolvência da tua voz...

Não te devorei o corpo

Mas quis possuir-te a alma.

***

Ao sétimo dia do mês 6 / no dia 6 do sexto mês

Desejei-te
Quis envolver-me no teu abraço.
Comunguei contigo todo o meu ser ou quase......
havia uma frescura verde que inebriava o ar...
levei-te onde tantas vezes quis estar contigo........
Ficámos.

Quis saborear a tua boca, os teus beijos, o teu respirar
a tua língua,
carnuda, molhada
como quem saboreia cerejas
no fim de uma tarde de Verão
Entre sombras misticas e verdes...........

Desejei o calor das tuas mãos
e perdi-me na envolvência da tua voz...
(enquanto te perdias no meu olhar........)
Senti-me devorar-te o corpo
E sei que te possuo a alma.

( serenamente sei que nos pertencemos)


ACCB -

escrito no papiro por ACCB às 00:45
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Quinta-feira, 20 de Julho de 2006

A Insustentável leveza do ser


"Thomas pensava consigo próprio que ir para a cama com uma mulher e dormir com ela são duas paixões não só diferentes como quase contraditórias.
+
O amor não se manifesta através do desejo de fazer amor
(desejo que se aplica a um número incontável de mulheres),
mas através do desejo de partilhar o sono
(desejo que só se sente por uma única mulher)."
*
"A insustentável leveza do ser", - M. Kundera
*
*
( tirado de um comentário postado por Manza)
Republiquei hoje - Foi publicado no Blog em 16 de Janeiro 2006
escrito no papiro por ACCB às 00:00
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Quarta-feira, 19 de Julho de 2006

DR

 
 

O endereço do Diário da República Electrónico mudou.
Este site está acessível através do endereço http://dre.pt/.Em caso de dúvida contacte a Linha Azul

Ao fim de 15 segundos será automaticamente redireccionado para http://dre.pt/

Para esclarecimentos ou em caso de dificuldade de acesso a este serviçopoderá contactar-nos pela nossa Linha Azul (dias úteis das 9h00 às 12h30 e das 13h30 às 17h00).
 
 
Com a publicação do Decreto-Lei n.º 116-C/2006, de 16 de Junho, o acesso à edição electrónica do Diário da República passa a ser gratuito
escrito no papiro por ACCB às 15:29
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Terça-feira, 18 de Julho de 2006

Diana Krall

 
 
http://amor-em-part-time.blogspot.com/2006/07/hojel-vamos-ns.html
 
ADORO, ADORO , ADORO!!!!
 
Hoje em Oeiras!!!!!
Nos Jardins do Palácio do Marquês de Pombal.
 
..Ouvir...
...Sentir...
JAZZ
 
Diana Krall - cujo próximo álbum "From this moment on" será editado no dia 19 de Setembro - é um nome incontornável do jazz da actualidade ( começou a tocar piano aos quatro anos) e, na medida em que cruza o género com a pop, é também responsável por algum efeito de 'introdução ao jazz' junto do público que não abdica do formato canção.
Aos 41 anos, a pianista conta com uma discografia considerável "Steppin' out" marcou a sua estreia, em 1993; a edição oportuna de "Christmas songs" foi o último trabalho editado.
*
 
escrito no papiro por ACCB às 21:57
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Segunda-feira, 17 de Julho de 2006

ALA


É mais sensual uma mulher vestida do que uma mulher despida.
A sensualidade é o intervalo entre a luva e o começo da manga.
*
António Lobo Antunes
*
fonte: Diário de Notícias, 09.11.2004
escrito no papiro por ACCB às 22:56
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A imagem tantas vezes repetida

( Enigmas de Gala - Dali)

Subitamente pensei escrever-lhe sobre a minha atracção pela cultura árabe.
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Escrever-lhe sobre as relíquias que guardo num velho baú que herdei de uma avó que por sua vez o herdou de uma sua avó e onde escondia um saco velho de algodão e seda com “Khat”. Mesmo entre sedas e flores secas, cartas de amor e saudade juntas com laços de cetim, jóias e bijuteria, aquela substância não perdia o seu aroma.
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Lembrei-me da primeira vez que partilhara aquele segredo do estimulante árabe que tomado, mastigado, bebido em chá ou fumado, não passava de um estimulante com poderes profilácticos e psíquicos…segredo de antepassados proveniente da África oriental – península arábica… a substância dos mágicos e das feiticeiras, que fazia ganhar batalhas e ajudava a preparar estratégias e a ganhar coragem para as levar a cabo… a substância mágica que terminava bem ou mal qualquer história de amor.
Agora tornada a pastilha elástica do homem árabe, como o tabaco do ocidental. Mas não… isso iria parecer que apoiava uma cultura que nada tinha a ver com a minha mentalidade de mulher ocidental.
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E, depois, para falar-lhe disso preferiria falar-lhe do silêncio dos chefes de Estado no que respeitava ao sofrimento das mulheres árabes no início de um século que é o XXI. Na vivência dessa mulheres em cidades escuras e velhas com o mínimo de bens e sem qualquer noção de regras de higiene, cuidados básicos de saúde ou sequer respeito. Preferia falar-lhe então das arbitrariedades cometidas por uma sociedade dominada pelo mais forte e em que os mais fracos eram as mulheres e as crianças. Uma cultura que aos meus olhos de mulher ocidental não podia deixar de ser chocante e revoltante e, em relação à qual, apesar disso, ninguém levantava a voz.
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No Iraque uma mulher doutorada em literatura árabe venderia um livro seu por 125 dinares por cópia, esperando amortizar os 3 000 dólares que lhe custou produzi-lo. Três mil dinares, correspondia, em Março de 2003, a, mais ou menos, o equivalente a 1,5 euros.
E eu, nem era doutorada em literatura e pretendia escrever. Escrever para ele. Uma tentação escrever..
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Podia contar-lhe uma história das arábias.
Lembrava-me daquele homem moreno… moreno não era o termo correcto. Era mais, tisnado pelo Sol, castigado pelo Sol.
Sentara-se na minha frente porque lho permitira ao ver-lhe os sapatos velhos e gastos e as mãos marcadas pelo sofrimento que não era só seu.
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Tinha o rosto caído e os olhos fixos no chão encerado no dia anterior. O ar condicionado tentava apagar-lhe a imagem estranha de um homem destruído, desanimado e, derrubado numa idade em que os sonhos já ganharam forma no ocidente.
Olhei o auto na minha mão e reparei que tinha 44 anos.Chamava-se Mohamed Abdul Ali Ka, era egípcio, nascera no Cairo, vivia agora em Lisboa, numa rua que não interessa, e fora detido na noite anterior na sequência de uma rusga por não ter documento actualizado que lhe permitisse permanecer em Portugal.
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Tinha de estabelecer contacto com ele mas, até ali o único contacto que estabelecera fora o olhar fixo no seu que depois baixara, amarfanhado pelo peso do meu.
O intérprete sentara-se já para assistir ao primeiro interrogatório e aguardava que eu desse início ao mesmo.
Gosto de me dirigir às pessoas que tenho na minha frente mesmo que não falemos a mesma língua.
Gosto de os olhar nos olhos e que percebam mais do que as minhas palavras, mesmo quando não temos o mesmo código.
A pergunta fatal surgiu e perguntei-lhe o nome. A resposta surgiu também espontânea sem necessidade de interpretação e agora com um pouco mais de segurança. Levantara-se e perdera um pouco o ar amarfanhado e perdido. Não me olhava ainda de forma natural nos olhos mas, a pouco e pouco iriamos estabelecer comunicação.
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Perguntei-lhe o que a lei me obriga e o porquê da sua estadia no meu país. Há quanto tempo cá estava e o que fazia.
Abdul era engenheiro no Cairo. Tinha 6 filhos com idades compreendidas entre os seis e os dezoito anos. A mulher era professora mas, neste momento não podia trabalhar porque ele não estava lá e ela tinha de tratar dos filhos.
Mandava-lhe a maior parte do magro salário que ganhava em Portugal como ajudante de pedreiro numa obra qualquer de que também não interessa o nome. Mesmo sendo magro, o salário ganho em Portugal tornava-se superior ao seu como engenheiro no seu país.
Viera para Portugal pensando ficar, conseguir autorização de residência e depois, mandar vir a família. Estava à espera dos papéis do SEF e, o cartão que mostrou, confirmou o alegado embora o prazo dado estivesse já ultrapassado.
Não fizera nada de errado, não cometera nenhum ilícito. Estava apenas indevidamente documentado e... era árabe.
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Perguntei-lhe que faria se ficasse preso depois do interrogatório.
Os seus olhos de homem árabe, atravessaram a estrutura do edifício onde nos encontrávamos, as mãos juntaram-se numa prece e as lágrimas romperam. Num gemido ouvi-lhe uma frase que não entendi mas, cujo o tom, me humedeceu os olhos também a mim.
A voz do intérprete repetiu em Português: - “ Então só me resta rezar!”
Olhei o diploma legal à minha frente e o homem que mandara mais uma vez sentar porque não suportava o peso das suas lágrimas silenciosas.
Ele estava ali não só em busca de dinheiro, estava ali por razões bem mais óbvias e ele sabia que eu sabia isso.
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Sem hesitar perguntei-lhe:
- No seu país tinha algum envolvimento político? - o silêncio foi a resposta e os olhos cravaram-se mais uma vez no chão. Desta vez as lágrimas secaram mas a resposta não veio. Insisti. Estou habituada a fazer a mesma pergunta de variadas maneiras. A falta de resposta ou a resposta evasiva, são situações que não me perturbam e, conforme o tom da resposta, assim será a forma da nova pergunta.
– Era perseguido por razões políticas?
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Desta vez deixei que o silêncio pesasse mais que a pergunta e os olhos dele ergueram-se para se fixarem nos meus. As mãos contorceram-se hesitantes e a cabeça acenou afirmativamente.
– De que tipo se posso saber. Preciso de confirmar a verdade da sua resposta.
- Anuar Sadat falecido presidente do Egito corajosamente desafiou a sabedoria convencional de sua época. Sob sua liderança o Egito foi o primeiro estado árabe a firmar um acordo de paz com Israel. Por causa disso ele foi assassinado. Eu pertencia a um grupo de militantes que têm lutado em guerrilhas subterrâneas contra o atual governo.
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Disse-o com convicção. Mesmo com orgulho. Um certo receio atravessou-lhe os olhos escuros e profundos, mas a coragem com que confessara o seu envolvimento político conferia ao que fora dito naquela sala, um inegável sentido de verdade. Ele era um perseguido político porque não lhe podia chamar um refugiado politico.
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- Isso obrigou-o a sair do Cairo?
- Sim . Estive preso. Em Tora. Consegui fugir numa saída de fim de semana. A minha ,mulher desde que estou preso, não oficialmente, porque oficialmente eu não faço parte dos detidos, não pode receber o salário do seu marido, nem viajar, nem casar uma filha, nem sequer enterrar um descendente…
A amargura embargava-lhe a voz e ameaçava paralisar-lhe os músculos da garganta.
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Ele falava verdade, os homens que se encontram presos como ele, não foram submetidos a qualquer julgamento, não estão em prisão preventiva, não existe qualquer documento que registe a sua condição de prisioneiros e nem mesmo lhes é reconhecido o direito a ter defensor.
Nestas condições de vida na prisão, as famílias dos detidos têm que inventar formas de lhes proporcionar alimentos, roupa, livros e tabaco.
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Do Cairo à prisão de Tora vão cerca de 30 km. Uma vez que os detidos não constam de qualquer lista oficial, não existe um sistema que regule as visitas. As mulheres acorrem na esperança de que as deixem entrar e, com elas, às provisões que trazem. E, se as não deixam entrar, têm que voltar no dia seguinte e assim indefinidamente.
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Decidi omitir tais factos. Ficaria apenas em auto, que fugira por motivos políticos.Acenei-lhe afirmativamente e fui eu quem fez silêncio.
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Do Egipto, para além da fascinante civilização dos faraós, conhecia outras histórias mais actuais e menos fascinantes e, imaginei as dificuldades que a família deveria passar no Cairo para sobreviver com um chefe de família fugido à “justiça politica”.
- Com seis filhos, … - perguntei-lhe em conversa mais que em interrogatório e cuidadosamente - Deve ser difícil para sua mulher…
- As mulheres árabes entreajudam-se. As crianças são a principal prioridade. Sei que não passam fome e que vão à escola. Para além das dificuldades normais… não as maltratam isso é importante. E a família além de numerosa, é unida.
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Sorri levemente e respirei fundo interiormente. Comecei a ditar o despacho. Deixei-o evidentemente em liberdade com termo de identidade e residência obrigação de se apresentar no SEF todos os sábados pela manhã e, ordenei envio de ofício para que o SEF respondesse porque motivo a autorização de residência ainda não tinha sido concedida.
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Quando saiu olhou-me finalmente nos olhos e disse qualquer coisa na língua dele que o intérprete traduziu novamente de imediato sorrindo:- “ Que Deus a abençoe.”
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Mas eu sei que o que ele disse foi “Assamamu alaikum (pronuncia-se assamaleikon),
- “que a paz de Alá esteja contigo”...
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Não sei se o Alá a que se referia era o meu Deus. Para mim era o mesmo. As diferenças não eram nenhumas embora aos olhos dos homens e pela sua prática se tornassem enormes. Entre a Bíblia e o Corão o objectivo a atingir era o mesmo…Naquele momento já nada me dizia respeito…Vi-o sair e não desviei o olhar até que desapareceu com os seus sapatos gastos...
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Não é uma história como a do Alibábá nem como a do ladrão de Bagdad, nem como a do Aladino, mas é uma história sobre arbitrariedades de detenções que nem sequer são formais, oficialmente não existem! Uma história pequena e simples de um homem que como tantos outros se cruzam por aí connosco e são explorados todos os dias na busca incessante da mão de obra barata. E que todos os dias fogem dos que lhes cobram quantias enormes por os trazerem para um país que não é o deles. Explorados pelos que os conduzem ao suicídio colectivo e por aqueles que fingem ajudá-los, desgastam-se no meio de uma posição política e legislativa que não tem coragem de definir a sua sorte e a entrada num país.
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Da imagem dos sapatos velhos a saírem pela porta fora, fui arrastada para uns olhos azuis de mulher apavorada e assustada. Estava em Portugal havia cerca de 18 meses. Trabalhava desesperadamente para ganhar para o seu sustento. Vinte e quatro anos. Fugida dos que lhe tinham prometido um horizonte de trabalho e a queriam arrastar para um mundo de prostíbulos, dinheiro fácil e, principalmente lucros para os que a induziram a vir.Também fora apanhada numa rusga. Saíra com umas amigas e pediram-lhe os documentos. Estava apavorada! A intérprete só repetia constantemente as palavras que ela teimava fazer-me chegar: - “ Eles não podem saber onde eu estou. Eu também não posso voltar para o meu país”.
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Era biélo-russa. O pai escolheu a sua nacionalidade quando ela atingira a maioridade. Escolhera a sua própria nacionalidade: Kosovar. Isso implicava que a sua filha, tendo o pai escolhido para ela a nacionalidade paterna, teria de intervir numa guerra que não era a sua. A mãe biélo-russa nem sequer fora consultada e muito menos ela.
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Ao atingir a maioridade fugira.
Não queria pertencer a um conflito militar que não era seu e com o qual nem concordava. Era enfermeira - parteira e estava a trabalhar numa lavandaria em Portugal. Também trabalhava como empregada doméstica e fugia dos que tentavam tirar-lhe os lucros do seu trabalho. Organizados e frios eles matavam sem hesitações. Fugira de uma guerra metera-se num inferno que agora era só seu.
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Vi a sua carta de curso. Tinha uma média alta e alguns louvores como profissional.Já exercera e estava a desperdiçar-se no nosso país onde poderia exercer a mesma profissão ao abrigo da nossa lei de estrangeiros. Provavelmente o processo estava por lá, junto com tantos outros, num gabinete cheio de trabalho e vazio de tempo.
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O despacho, saiu igual também a tantos outros, mas, com uma recomendação especial de que deveria ser tido em conta o seu curriculum e de que deveria o Sr. Ministro responsável pela pasta, ter em atenção o disposto na Lei dos estrangeiros quanto à possibilidade de ficar em Portugal a trabalhar e dentro da sua especialidade.
Quando abandonou o meu gabinete perguntou-me se “eles” iriam saber onde ela estava. Pelo Tribunal nunca saberiam, foi-lhe garantido e foi-lhe ainda dito que deveria denunciar a situação.
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Passados poucos meses em Monsanto era julgado um grupo de indivíduos que atraiam, seres desesperados por uma vida melhor, ao nosso país para lhes extorquirem o pouco dinheiro que ganhassem.
Eram assim alguns dos estrangeiros que eu ouvia em primeiro interrogatório. Aterrorizados com o país onde trabalhavam, fugidos da sua pátria e, perseguidos pelas chamadas máfias de Leste que lhes extorquiam o pouco dinheiro que ía dando para sobreviver.
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ACCB - 2003
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MAI: Imigração será prioridade da presidência portuguesa da UEO combate à imigração ilegal vai ser uma das prioridades da presidência portuguesa da União Europeia, disse hoje o ministro da Administração Interna português, António Costa, durante a Conferência euro-africana sobre Migrações e Desenvolvimento, em Rabat, Marrocos.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=235755

escrito no papiro por ACCB às 19:21
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Agustina Bessa Luís e os Blogs


Excertos e figuras do novo livro de Agustina Bessa-Luís, intitulado "Fama e Segredo na História de Portugal", estão a ser pré-publicados no blog "Abrupto", da autoria de José Pacheco Pereira. A iniciativa é da editora "Guerra & Paz".
.Agustina Bessa-Luís continua a escrever à mão e parece longe de ter uma relação entusiasta com os computadores e as novas tecnologias. Mas a sua obra acabou por extravasar a folha de papel para se expor noutros meios e modelos de divulgação.Vão ser pré-publicados no blog "Abrupto" excertos das 12 histórias que figuram no novo livro de Agustina, "Fama e Segredo na História de Portugal"..
O evento é «inédito em Portugal, não se conhecendo, ao nível da edição tradicional, registo de iniciativa semelhante noutros países europeus» , esclarece o comunicado conjunto do "Abrupto" e da "Guerra & Paz Editores".A 'blogosfera' é encarada pelos responsáveis da editora como um meio de «criar uma fácil acessibilidade e liberdade de consulta do leitor» . .
Desta forma, não é de admirar que o blog de José Pacheco Pereira tivesse sido escolhido para a pré-publicação do novo livro da autora de "A Sibila", já que se trata de «um dos mais consolidados blogues portugueses» e porque o seu autor «tem uma afinidade cultural e intelectual com Agustina Bessa-Luís que recomendava essa aproximação» , refere o comunicado.
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Por seu turno, Pacheco Pereira considera ser uma iniciativa concordante com os objectivos traçados para o seu blog. É «coerente com a concepção que desde início o enformou [o Abrupto]: um blogue de autor, pessoal e intransmissível, aberto a curiosidades e interesses muito diversos» , justifica na nota à imprensa.
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"Fama e Segredo na História de Portugal" está à venda nas livrarias Informação Adicional:Agustina Bessa-LuísAbruptoGuerra & Paz EditoresArtigos Relacionados:Santos Silva pondera dialogar com bloggers
Nasceu o número de série para blogs
Todos os dias são criados 75 mil blogs em todo o mundo
Blogs são lidos por uma minoria de internautas
Público lança blogue do Provedor do leitor
Blogs militares mostram a outra face da guerra
Pai da Web rende-se aos bloguesSO,

escrito no papiro por ACCB às 11:24
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Domingo, 16 de Julho de 2006

Não percam


AQUI : http://vujadefz.blogspot.com/
*
.
.

*
Esperando Aviões

Meus olhos te viram triste

Olhando pro infinito

Tentando ouvir o som do próprio grito

E o louco que ainda me resta

Só quis te levar pra festa

Você me amou de um jeito tão aflito

Que eu queria poder te dizer sem palavras

Eu queria poder te cantar sem canções

Eu queria viver morrendo em sua teia

Seu sangue correndo em minha veia

Seu cheiro morando em meus pulmões

Cada dia que passo sem sua presença

Sou um presidiário cumprindo sentença

Sou um velho diário perdido na areia

Esperando que você me leia

Sou pista vazia esperando aviões

Sou o lamento no canto da sereia

Esperando o naufrágio das embarcações.

- by Vander Lee:

*

Oi Pessoal,

eu acho que não conheço o cara...

mas parece que ele é conhecido e até vem a propósito!

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escrito no papiro por ACCB às 19:26
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Quinta-feira, 13 de Julho de 2006

Asas de Portugal


*
 
 
 
 
 
Festival de Acrobacia Aérea no Tamariz
*
http://www.emfa.pt/index_content.html
*
Este fim-de-semana a Força Aérea e o Aero Club de Portugal irão evoluir em demonstrações acrobáticas nos céus do Estoril.
*
No Domingo, dia 16 de Julho, entre as 11H30 às 12H20 , terá lugar na praia do Tamariz — Estoril, mais uma edição do Festival de Acrobacia Aérea, certame promovido pela Força Aérea Portuguesa , com a participação do Aero Club de Portugal e o apoio da Câmara Municipal de Cascais.
*
O evento contará com a exibição acrobática dos Rotores de Portugal e dos
Asas de Portugal,
http://www.emfa.pt/www/po/asas/exibicao_asas.htm
º
patrulhas militares que têm evidenciado o prestígio da Força Aérea em Portugal e no estrangeiro. A edição de 2006 contará ainda com a participação de algumas aeronaves do Aero Club de Portugal, em demonstração de performances.
*
Programa do evento:
11H30-11H50 — Rotores de Portugal
11H50-12H05 — Aero Club de Portugal
12H05 — 12H20 — Asas de Portugal
*
Os amantes da causa aeronáutica e de fotografia terão uma oportunidade única de captar imagens de rara beleza, com o epicentro do espectáculo em frente à praia do Tamariz - Estoril. No Sábado dia 15JUL decorrerão os treinos do evento no mesmo local à mesma hora.
*
http://www.emfa.pt/www/home.php?lang=pt
 
*
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escrito no papiro por ACCB às 19:13
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Terça-feira, 11 de Julho de 2006

Regras ? São Regras!


................................................
O homem diz:
Se quer viver comigo as minhas regras são:
1. As segundas e terças-feiras a noite vou tomar café com os amigos.
2. As quartas-feiras a noite cinema com o pessoal.
3. As quintas, sextas-feiras e sábados cerveja com os colegas.
4. Aos domingos deito cedo para descansar.
Se quer...quer...
Se não quer...Azar.

Então a mulher responde:

Pra mim só existe uma regra:
Aqui em casa tem sexo todas as noites.
Quem está...está...
Quem não está...Azar.
:::::
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escrito no papiro por ACCB às 17:10
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Segunda-feira, 10 de Julho de 2006

Sei de cor


Sei-te de Cor

Sei de cor
cada traço
do teu rosto
do teu olhar.
Cada Sombra
da tua voz.
E cada silêncio
cada gesto que tu fazes
Meu amor sei-te de cor

Sei
Cada capricho teu
E o que não dizes
Ou preferes calar.
Deixa-me adivinhar
não digas que o louco sou eu
se for tanto melhor
Amor sei-te de cor

Sei
Por que becos te escondes.
Sei ao pormenor
o teu melhor e o pior.
Sei de ti mais do que queria
Numa palavra diria
Sei-te de cor
.

Paulo Gonzo

escrito no papiro por ACCB às 23:27
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Aulas de dança no Mundial



Não percam AQUI : http://sulista.blogspot.com/
escrito no papiro por ACCB às 22:20
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Ontem estive na praia o céu ía desabando!

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escrito no papiro por ACCB às 19:51
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Domingo, 9 de Julho de 2006

Ao Vinicius numa quarta feira - 9.7.80/9.7.06





Ao Vinicius de Morais


Porque hoje não é Sábado, há um Sol de semana de trabalho.
Não há um homem louco de ciúme,
Nem o funeral de um político.

Porque hoje é Quarta feira,
Há apenas uma saudade enorme que fica
E se espraia na pena de te perdermos.

Hoje é quarta -feira.
Há um samba de várias notas no vento que sopra lá fora.

Há um segredo que fica na poesia que deixaste
Uma criança sorrindo ao mendigo que pede esmola,
Porque hoje é quarta feira.

Há um Brasil do lado de lá
E, um Homem, um poeta do lado de cá;
Há uma mulher que ama um Homem
E continuam a existir crianças que não comem;

Há uma pena funda de te ter perdido,
E uma música suave que pouco a pouco vai tomando sentido.

Há um segredo de presença no vento que passa
E um sambinha de dor em ar de chalaça;

Hoje não é Sábado....


E tu morreste a uma quarta Feira...
Tudo se acabou numa Quarta feira.... (?)
Não.
Tu ficas, permaneces....
Os poetas não morrem,
nem sequer às quartas feiras...

E como poderias fazê-lo se hoje... Hoje ... não é Sábado?!

ACCB em 9.7.1980 copyright

Dia 9.7.1980


Quando morre um poeta,
O dia chora uma lágrima
cristalina e transparente
de uma dor mista de saudade...


Há uma tristeza, um vazio, uma lacuna,
Porque a Vida perdeu
mais uma pétala nas flores
do seu jardim...


Quando morre um poeta
a alma grita desventrada
A perda de um filho que criou...


E o dia desfalece entristecido
No horizonte azulado,
Como nos dias da criação do Mundo......



Quando morre um poeta
Há um grito de dor
na oração que o vento canta
Nos vidros cheios de poente
em cada janela de poesia.....


ACCB na mesma data - a da morte do poeta -
tags:
escrito no papiro por ACCB às 18:06
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Sábado, 8 de Julho de 2006

Contigo

(Navio partindo de Caio Blanco - ACCB)

Trago os olhos cansados de não te ver
e encontro os teus olhos cansados de olhar para mim.
.
O silencio tornou-se demasiado ruidoso,
o teu olhar demasiado frio,
já nem sequer tentas mais sorrir.
Que será nos sinto esmorecer
como prenuncios negros anunciados de um fim?
.
Quando rejeitas um meu gesto carinhoso;
tudo o que fica por um fio
e tudo o que sei ainda sentir...
.
Será amar assim tão complicado?
Será que não é para nós?
Quero tanto perceber e não consigo...
porque será que em todo o lado,
juntos estamos sós,
quando só quero mesmo estar... contigo...

de João N.
29/10/2003
escrito no papiro por ACCB às 21:47
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8 Julho 06 / 1990 . Nº 8


Em 1990, morreu a actriz Amélia Rey Colaço.Amélia Rey Colaço dedicou toda a vida ao teatro. Com o actor Robles Monteiro fundou a sua própria companhia de teatro (a companhia Rey Colaço-Robles Monteiro), que duraria cerca de 53 anos.
Ver aqui - nº 8 para Amélia Rey Colaço
.
http://www.esec-amelia-rey-colaco.rcts.pt/amelia/amliarey.htm
Amélia Rey Colaço e o nº 8
*
escrito no papiro por ACCB às 17:57
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Sexta-feira, 7 de Julho de 2006

AMOR DE TARDE

 

 

Es una lástima que no estés conmigo
cuando miro el reloj y son las cuatro
y acabo la planilla y pienso diez minutos
y estiro las piernas como todas las tardes
y hago así con los hombros para aflojar la espalda
y me doblo los dedos y les saco mentiras.

... Es una lástima que no estés conmigo
cuando miro el reloj y son las cinco
y soy una manija que calcula intereses
o dos manos que saltan sobre cuarenta teclas
o un oído que escucha como ladra el teléfono
o un tipo que hace números y les saca verdades.

Es una lástima que no estés conmigo
cuando miro el reloj y son las seis.
Podrías acercarte de sorpresa
y decirme "¿Qué tal?" y quedaríamos
yo con la mancha roja de tus labios
tú con el tizne azul de mi carbónico.

- Mario Benedetti

escrito no papiro por ACCB às 12:00
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Terça-feira, 4 de Julho de 2006

4 de Julho / Permanência




Permanência
.
Não peçam aos poetas um caminho.
O poeta
não sabe nada de geografia
celestial.
Anda
aos encontrões da realidade
sem acertar o tempo com o espaço.
.
Os relógios e as fronteiras não têm
tradução na sua língua.
Falta-lhes
o amor da convenção em que nas outras
as palavras fingem de certezas.
.
O poeta lê apenas os sinais
da terra.
Seus passos cobrem
apenas distancias de amor e
de presença.
.
Sabe
apenas inúteis palavras de consolo
e mágoa pelo inútil.
.
Conhece
apenas do tempo o já perdido;
.
do amor
a câmara-escura sem revelações;
.
do espaço
o silêncio de um vôo pairando
em toda a parte.
.
Cego entre as veredas obscuras é ninguém
e
nada sabe
— morto redivivo.
.
Adolfo Casais Monteiro
A 4 de Julho de 1908 nasceu, no Porto, o poeta e ensaísta
+
Adolfo Casais Monteiro.
escrito no papiro por ACCB às 20:01
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